Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena nasceu em 1801, na freguesia de São Gonçalo, Vila da Camanha, filho do ilustre casal Coronel de Milícias Mathias Gonçalves Moinhos de Vilhena e de Dona Iria Claudiana Umbelina da Silveira, irmã de Bárbara Heliodora.
Casou-se, em 1828, com Dona Escolástica Joaquina de Oliveira Carvalho, filha de Domingos de Oliveira Carvalho.. O casal teve doze filhos: Tenente Coronel Domingos de Oliveira Carvalho de Vilhena, casado com D. Maria Úrsula de Freitas; Desembargador João Bráulio Moinhos de Vilhena, casado com Manuela Augusta de Alckmin; Tenente Coronel Mathias Antonio Moinhos de Vilhena Junior, casado com Dona Francisca de Paula Dias; Capitão Antonio Carlos Moinhos de Vilhena, casado com Maria Bárbara de Miranda; Francisco Moinhos de Vilhena, que faleceu jovem; Cônego José Theophilo Moinhos de Vilhena, vigário de Campanha por mais de dezesseis anos; Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, vigário geral do Bispado de Campanha; Maria Amália de Vilhena, casada com o Comendador Manoel Ignácio Gomes Valadão; Maria Rita de Vilhena, casada com Seraphim Antonio de Paiva Pereira, natural de Portugal; Anna Edwiges de Vilhena, casada com Antonio de Souza e Silva Brito, português; Maria do Carmo Vilhena e Maria Emília Vilhena, que se conservaram solteiras.
O Major herdou de seu progenitor os sentimentos de honra, de civismo e principalmente de religião e de bondade, transmitidos à sua prole.
As especiais condições de sua família impediram que o Major fizesse estudos mais regulares, pois grande era o número de seus irmãos e, assim, pesados os encargos da casa paterna. Rica a principio, aos poucos, a família viu sua fortuna se exaurir em parte, também, como resultado do insucesso da Inconfidência Mineira, pois seu pai, o Coronel Mathias, era concunhado de Alvarenga Peixoto.
Mathias Antonio Moinhos de Vilhena pertenceu à Irmandade do Santissimo e foi Prior da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês. Atuou, por algum tempo, como escrivão de Órfãos (1) e se consagrou à agricultura, tendo criado a importante fazenda “Conceição da Vargem Grande”, na freguesia de Vargem Grande, atual Monsenhor Paulo. A carreira política não o seduzia.
Era, porém, um liberal e cumpriu rigorosamente seus deveres cívicos, mostrando-se sempre interessado pelo progresso de sua terra e de sua pátria. Genuíno patriarca, educou seus filhos com seu exemplo das mais apuradas virtudes cristãs. Mantinha em seus hábitos, na sua apresentação e na sua indumentária a linha fidalga, mas, ao lado disso, era um espírito voltado para Deus e para os menos afortunados.
Fazia transportar e hospedava bispos e missionários para a pregação; reparava templos e construía capelas. Compadecendo-se dos enfermos, tornou-se um dos grandes benfeitores da Santa Casa de Campanha, da qual foi eleito seu primeiro provedor quando a inauguro em 1851, desempenhando sua missão com grande empenho, com sacrifícios e com benemerência.
Fez erguer pelos seus escravos, em 1876, uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, protetora de sua fazenda. Ao redor da capela surgiu o povoado de Ponte Alta, que se ligará para sempre à figura de seu filho, Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, vigário do bispado de Campanha e que ali vinha para dar assistência aos fiéis do povoado.
O Major Mathias possuidor a princípio de considerável fortuna, viu a mesma diminuir pela sua desambição, pelo vasto auxílio prestado a obras religiosas, pelos gastos na educação de seus muitos filhos e pela caridade que derramou sempre a mancheias; um São Vicente de Paulo inclinado para os pobres, a surpreendê-los com seus socorros, figura bendita por tantos lares campanhenses e habitantes da freguesia de Vargem Grande.
Cercado pelo carinho de familiares e amigos, o Major Mathias faleceu piedosamente em Campanha, no ano de 1886.
O jornal “O Despertador”, daquela cidade, assim anunciou seu falecimento:
Com o passamento do major Mathias perdeu a Campanha um de seus mais distintos e honrados cidadãos, um verdadeiro patriota que nunca poupou esforços para o engrandecimento material e moral desta terra, que está cheia de seus benefícios.Muitas vezes, o major Mathias, guiado pela justiça e pelos doces sentimentos que inspira a religião do Cristo, livrou da miséria famílias inteiras. O nome do major Mathias está gravado com letras indeléveis no coração dos pobres, e este é o seu maior padrão de glórias. No dia 8 houve o seu enterramento, sendo imenso concorrido, o que prova exuberantemente quanto era considerado”
(1) Escrivão dos órfãos era o oficial público que atuava com a autoridade do juiz dos órfãos, reduzindo a escrito todos os atos dos processos que cabiam ao dito juiz. Era cargo de provimento real que tinha mandato de três anos, devendo o candidato possuir no mínimo trinta anos de idade.
Tarcisio Brandão de Vilhena
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