sábado, 7 de julho de 2012

MAJOR MATHIAS ANTONIO MOINHOS DE VILHENA



Major Mathias Antonio Moinhos de Vilhena nasceu em 1801, na freguesia de São Gonçalo, Vila da Camanha, filho do ilustre casal Coronel de Milícias Mathias Gonçalves Moinhos de Vilhena e de Dona Iria Claudiana Umbelina da Silveira, irmã de Bárbara Heliodora.
Casou-se, em 1828, com Dona Escolástica Joaquina de Oliveira Carvalho, filha de Domingos de Oliveira Carvalho..
O casal teve doze filhos: Tenente Coronel Domingos de Oliveira Carvalho de Vilhena, casado com D. Maria Úrsula de Freitas; Desembargador João Bráulio Moinhos de Vilhena, casado com Manuela Augusta de Alckmin; Tenente Coronel Mathias Antonio Moinhos de Vilhena Junior, casado com Dona Francisca de Paula Dias; Capitão Antonio Carlos Moinhos de Vilhena, casado com Maria Bárbara de Miranda; Francisco Moinhos de Vilhena, que faleceu jovem; Cônego José Theophilo Moinhos de Vilhena, vigário de Campanha por mais de dezesseis anos; Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, vigário geral do Bispado de Campanha; Maria Amália de Vilhena, casada com o Comendador Manoel Ignácio Gomes Valadão; Maria Rita de Vilhena, casada com Seraphim Antonio de Paiva Pereira, natural de Portugal; Anna Edwiges de Vilhena, casada com Antonio de Souza e Silva Brito, português; Maria do Carmo Vilhena e Maria Emília Vilhena, que se conservaram solteiras.
O Major herdou de seu progenitor os sentimentos de honra, de civismo e principalmente de religião e de bondade, transmitidos à sua prole.
As especiais condições de sua família impediram que o Major fizesse estudos mais regulares, pois grande era o número de seus irmãos e, assim, pesados os encargos da casa paterna. Rica a principio, aos poucos, a família viu sua fortuna se exaurir em parte, também, como resultado do insucesso da Inconfidência Mineira, pois seu pai, o Coronel Mathias, era concunhado de Alvarenga Peixoto.
Mathias Antonio Moinhos de Vilhena pertenceu à Irmandade do Santissimo e foi Prior da Irmandade de Nossa Senhora das Mercês. Atuou, por algum tempo, como escrivão de Órfãos (1) e se consagrou à agricultura, tendo criado a importante fazenda “Conceição da Vargem Grande”, na freguesia de Vargem Grande, atual Monsenhor Paulo. A carreira política não o seduzia.
Era, porém, um liberal e cumpriu rigorosamente seus deveres cívicos, mostrando-se sempre interessado pelo progresso de sua terra e de sua pátria. Genuíno patriarca, educou seus filhos com seu exemplo das mais apuradas virtudes cristãs. Mantinha em seus hábitos, na sua apresentação e na sua indumentária a linha fidalga, mas, ao lado disso, era um espírito voltado para Deus e para os menos afortunados.
Fazia transportar e hospedava bispos e missionários para a pregação; reparava templos e construía capelas. Compadecendo-se dos enfermos, tornou-se um dos grandes benfeitores da Santa Casa de Campanha, da qual foi eleito seu primeiro provedor quando a inauguro em 1851, desempenhando sua missão com grande empenho, com sacrifícios e com benemerência.
Fez erguer pelos seus escravos, em 1876, uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, protetora de sua fazenda. Ao redor da capela surgiu o povoado de Ponte Alta, que se ligará para sempre à figura de seu filho, Monsenhor Paulo Emílio Moinhos de Vilhena, vigário do bispado de Campanha e que ali vinha para dar assistência aos fiéis do povoado.
O Major Mathias possuidor a princípio de considerável fortuna, viu a mesma diminuir pela sua desambição, pelo vasto auxílio prestado a obras religiosas, pelos gastos na educação de seus muitos filhos e pela caridade que derramou sempre a mancheias; um São Vicente de Paulo inclinado para os pobres, a surpreendê-los com seus socorros, figura bendita por tantos lares campanhenses e habitantes da freguesia de Vargem Grande.
Cercado pelo carinho de familiares e amigos, o Major Mathias faleceu piedosamente em Campanha, no ano de 1886.

O jornal “O Despertador”, daquela cidade, assim anunciou seu falecimento:
Com o passamento do major Mathias perdeu a Campanha um de seus mais distintos e honrados cidadãos, um verdadeiro patriota que nunca poupou esforços para o engrandecimento material e moral desta terra, que está cheia de seus benefícios.Muitas vezes, o major Mathias, guiado pela justiça e pelos doces sentimentos que inspira a religião do Cristo, livrou da miséria famílias inteiras. O nome do major Mathias está gravado com letras indeléveis no coração dos pobres, e este é o seu maior padrão de glórias. No dia 8 houve o seu enterramento, sendo imenso concorrido, o que prova exuberantemente quanto era considerado”

(1) Escrivão dos órfãos era o oficial público que atuava com a autoridade do juiz dos órfãos, reduzindo a escrito todos os atos dos processos que cabiam ao dito juiz. Era cargo de provimento real que tinha mandato de três anos, devendo o candidato possuir no mínimo trinta anos de idade.

Tarcisio Brandão de Vilhena


Nenhum comentário:

Postar um comentário