sábado, 7 de julho de 2012

CONFERÊNCIA SANTO ANTONIO

SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO

A Sociedade de São Vicente de Paulo foi criada em Paris por um grupo denominado Conferência de História, composto por estudantes católicos e conduzido por Emmanuel Bailly, fundador da Tribuna Católica e colega de Félicité Robert de Lammenais. Naquele tempo, o conflito de idéias estava vivo e Bailly reuniu alguns estudantes cristãos para explorar questões sobre história, direito, literatura e filosofia. Entre eles, havia um jovem estudante de leis chamado Frédéric Antoine Ozanan.
No começo da Revolução Industrial na França, Ozanam acreditava fervorosamente na profunda convergência entre o Evangelho, a declaração dos Direitos do Homem de 1789 e os princípios de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade".
As discussões, às vezes, eram tempestuosas. Um dia, um estudante, elogiando o ceticismo de Lord Byron, contestou: "O Cristianismo fez maravilhas no passado, mas agora está morto! Vocês, que ostentam serem católicos, o que fazem? Quais são suas atividades, as atividades que provam sua fé e que poderiam nos persuadir a adotá-la?"
Impressionado por este ponto de vista contrário, Ozanan e alguns amigos refletiram: "Não nos deixe falar tanto de caridade - nos deixe praticá-la e nos deixe ajudar o pobre!" Auguste Le Taillandier, um do grupo, sugeriu a eles combinarem, como cristãos, não só falar mas agir, isto é, fundar uma Conferência de Caridade. Ele propôs esta idéia a Emmanuel Bailly que, por sua vez, sugeriu a Frédéric Ozanan que a difundisse entre os jovens. Foi então que Frédéric Ozanan teve a idéia fundar uma obra para jovens, cujo ideal de caridade consistia na visita aos pobres.
Bailly aprovou sua idéia, dando a eles como lugar para as reuniões o escritório editorial da Tribuna Católica, enquanto também concordava em liderar o novo grupo.
A primeira reunião aconteceu à Rua de Saint Sulpice, 38, no dia 23 de abril de1833, Banquete de São George, às oito horas na noite.
Nesse mesmo dia, um grupo de jovens universitários, liderados por Fredec Antoine Ozanan, estudante de direito na Universidade de Sorbonne, fundava a Sociedade São Vicente de Paulo, conhecida pelas iniciais SSVP.
A época, Frédéric contava apenas 20 anos de idade. A sociedade adotou São Vicente de Paulo como patrono, inspirando-se no pensamento e na obra daquele santo, conhecido como o pai da caridade, pela a sua dedicação ao serviço dos pobres e dos infelizes.
Fiel a seus fundadores, a SSVP tem a preocupação de se renovar e se adaptar às condições mutáveis do mundo. De caráter católico, se mantém aberta a quantos desejam viver a sua fé no amor e no serviço a seus irmãos. A unidade da SSVP no mundo é representada por sua REGRA (regulamento). Busca, incansavelmente, um trabalho de maior contato e aproximação com a Igreja, através de clero.
Mesmo com a morte de seu fundador, Frédéric Antoine Ozanan, aos 40 anos de idade, a SSVP prosperou, cresceu e está presente em todo mundo, contando com número aproximado de 1.000.000 de membros.
O Brasil é o maior país Vicentino do mundo: são 20 mil conferências, 1.754 conselhos particulares, 272 conselhos centrais, 30 conselhos metropolitanos, e 2 mil obras unidas, coordenadas pelo Conselho Nacional do Brasil. São 250 mil membros. A Conferência São José no Rio de Janeiro foi a primeira do Brasil, fundada em a 19 de julho de 1872.
Na nossa cidade de Campanha, a SSVP foi fundada, através da Conferência Santo Antônio, em 25 de junho de 1922, conforme cópia da ATA da sessão inaugural que tenho em meu poder.
Por iniciativa e a convite do Padre Antonio Azevedo, vigário da diocese de Campanha e Cura da Catedral e dos Campanhenses, do Dr. Francisco Carneiro Ribeiro da Luz, do Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena e do Dr. Artur Albino de Almeida Cirino, veio a Campanha o Dr. Joaquim Furtado de Menezes, presidente do Conselho Central Metropolitano da SSVP de Belo Horizonte, para fazer uma exposição sobre o que consiste a SSVP, sua finalidade e as condições necessárias para ser admitido como Confrade da Associação.
Na tarde de domingo, 25 de junho de 1922, reuniram-se na Catedral, a convite do Padre Antonio Azevedo, cerca de 30 cidadãos campanhenses e os reverendíssimos Padres Guilherme Villas-Boas, superior da Casa dos Jesuítas de Campanha, os Jesuítas Padre Campos e Padre Lemes e, ainda, o Padre José Umbelino de Melo Reis, Reitor do Colégio e do Seminário Diocesano.
Após ouvirem a explanação do Dr. Joaquim Furtado de Menezes, foram convidados, dentre os presentes, aqueles que satisfizessem às condições regulamentares e quisessem se alistar como Confrades ativos da SSVP, que assinassem os respectivos nomes.
Os seguintes senhores assinaram os seus nomes confirmando o desejo de integrarem a nova SSVP, ora criada. Foram signatários os senhores: Dr. Francisco Carneiro Ribeiro da Luz, Dr. Artur Albano de Almeida Cirino, Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena, Sr. Antonio Cyrilo Freitas de Vilhena, Sr. Luiz Pereira Serrano, Sr. Marcelo Pompeu, Dr. Manoel Maria Paiva de Vilhena, Sr. João Pedro Alvarenga, Sr. João Ayres Filho, Dr. Francisco Leonel de Rezende, Sr. José Fernandes da Silva, Cel. Carlos Ribeiro, e o Cel. Zoroastro de Oliveira, que não pode comparecer a sessão e enviou um cartão pelo Sr. Menezes, autorizando a inclusão de seu nome na lista dos subscritores.
Os novos Confrades foram convidados a aclamarem o Presidente interino da nova Conferência ora criada, feito na pessoa do Dr. Francisco Carneiro Ribeiro da Luz. Este nomeou para compor a mesa interina o Vice Presidente, Dr. Artur Albino, o Secretário, Dr. Serafim Maria Paiva de Vilhena, que veio, mais tarde, assumir a presidência, e o Tesoureiro, Sr. Marcelo Pompeu.
Nesse mesmo dia, ficou acertado que a Diretoria se reuniria todas as tarde de domingo, na Igreja Nossa Senhora das Dores.
O confrade Presidente, agradecendo a presença de todos, encerrou a sessão, ficando, assim, criada a SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO DE CAMPANHA.
A fraternidade e a solidariedade são atitudes do coração que motivam o amor em uma dimensão maior pela prática da fraternidade. Certamente, foram esses os sentimentos que permearam a atitude daqueles que, em um passado distante, movidos pela fé cristã, romperam com a indiferença que divide e conduziram-se ao outro, ao mais pobre e sofrido, estendo-lhes a mão de um irmão pronto a ajudá-los, comprometendo-se, dessa maneira, com a fraternidade e com o amor que implica uma atitude de vida que os levaram a viver a real solidariedade.
Lendo na Folha Campanhense a noticia da cerimônia de posse da nova diretoria da Vila Vicentina, vê-se claramente nas palavras Helena Márcia Nani Rieiro, ao transmitir o cargo para o novo Presidente, Ivan Sérgio Ferreira, o zelo com que essas abnegadas pessoas dispensam a esse notável trabalho voluntário. A cerimônia inicia-se com a Missa celebrada pelo estimado Monsenhor José Hugo. 
O que se passou nessa cerimônia deixa evidentes dois aspectos: o ideal do fundador SSVP, Frédéric Antoine Ozanan, de aproximação da SSPV com a Igreja Católica através do Clero continua vivo na atitude dos membros da Diretoria do Lar Vicentino de Campanha. O outro aspecto é o que está mais próximos de nos campanhenses: o ideal que motivou um grupo de cidadãos campanhenses, há 89 anos atrás, permanece presente nos cidadãos de nossa abençoada cidade.
Tarcísio Brandão de Vilhena


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