sábado, 7 de julho de 2012

DR. JOÃO BRÁULIO MOINHOS DE VILHENA JÚNIOR

João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior, nasceu a 23 de junho de 1860, filho do ilustre Desembargador João Bráulio Moinhos de Vilhena e de dona Manoela Augusta Capistrano de D'AlkmiM.
Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1886, além de profissional de reconhecida competência, era jornalista brilhante, político de grande prestigio, orador fluente e parlamentar respeitado e atuante.Em 1893, foi eleito deputado, tomando parte na sessão legislativa desse ano e do seguinte do Congresso do Estado de Minas Gerais. Voltou a ser eleito nas legislaturas de 1903 e 1906, tendo sido, nessa última, Presidente da Câmara.A sua atuação na legislatura Mineira foi das mais marcantes e fecundas, destacando-se no plenário com orador de largos recursos e nas comissões de saúde e de orçamento com os seus aprimorados conhecimentos dos assuntos a elas pertinentes.
No governo do grande estadista, Dr. João Pinheiro da Silva, passou a ocupar a importante Secretaria das Finanças do Estado de Minas Gerais.Homem público de grande prestigio político e com extraordinária visão de futuro, o Dr. João Bráulio Júnior, antes mesmo de sua viagem a Europa, em missão oficial e extraordinária do governo do Estado de Minas Gerais, já estava indicado pelo PRM, Partido Republicano Mineiro, para ser o sucessor do Dr. João Pinheiro - e com aval desse - na governança do Estado de Minas Gerais.
A 23 de julho de 1907. empreendeu viagem a Europa em missão oficial do governo Mineiro para resolver assunto de natureza financeira e, também, para tratamento de saúde.Em principio de 1908, foi operado de antiga enfermidade, em Loussanne, Suíça, pelo famoso cirurgião Dr. Roux.Regressando a Paris mais tarde, com seus familiares, sofreu gravíssimo acidente de automóvel, quando deixava um templo que fora visitar, próximo ao centro da “Cidade Luz”, vindo a falecer, apesar dos socorros médicos, só se salvando a sua esposa, uma filhinha de pouca idade e uma criada que também ocupava o veículo sinistrado.
O prestigioso jornal Campanhense, “Monitor sul Mineiro”, em sua edição de 13 de julho de 1908, estampou, com destaque, a seguinte notícia sobre a lamentável ocorrência:“ Despachos telegráficos de Paris dão-nos a triste notícia do horroroso desastre de que foi vitima nosso caro amigo e ilustre conterrâneo, Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior e sua Exma. família, ao sair da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, nos arredores de Paris e de seu falecimento em decorrência dos ferimentos recebidos. Dizem ainda os referidos despachos telegráficos que na tarde de 5 do corrente, o Dr. João Bráulio, sua esposa e uma filhinha de pouca idade, conduzida por uma criada, regressando de uma Igreja, de automóvel, quando o pneumático de uma das rodas arrebentou, fazendo com que o veículo capotasse e projetasse ladeira abaixo por uma distância de cerca de 10 metros.
Socorridas as vítimas por populares, foram de imediato, recolhidas ao hospital Leviboisiére, onde apesar dos esforços médicos, veio a falecer na tarde desse dia, salvando-se os outros passageiros do veículo”.
O já citado jornal “Monitor Sul Mineiro”, de 19 de julho de 1908, dava, com detalhes, as seguintes informações da chegada dos restos mortais do inditoso médico Campanhense:“Como estava anunciado, chegou a bordo do vapor “AVON” o corpo embalsamado de nosso ilustre conterrâneo, Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior, que no dia 5 de julho foi vítima de um desastre de automóvel em Paris. O cadáver do malogrado brasileiro foi acompanhado pela viúva, uma filhinha e mais um filho que estudava na Alemanha.
O veterano “Jornal do Comércio”, de 28 se julho de 1908, dava os seguintes informes sobre a chegada do corpo do Dr. João Bráulio no porto do rio de Janeiro:“A bordo do Paquete Avon , chegou ontem os restos mortais do Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior, acompanhado de sua família. A viúva foi recebida pelo Ministro da Viação , Dr. Francisco Coelho. O féretro foi transladado para a Capela do Arsenal de Guerra, onde ficará até a partida para Belo Horizonte e depois para a cidade de Lambari. O Presidente da República será representado pelo Almirante Alexandrino de Alencar, ministro da Marinha. O presidente do Estado de Minas Gerais, deliberou prestar ao malogrado auxiliar e amigo no governo, as mais vivas demonstrações de pesar, fazendo-se representar na chegada do corpo ao porto do Rio de Janeiro pelos senhores doutores, Alves Pinto, Prefeito de Belo Horizonte, Carvalho Pinto, secretário de Estado, Comissão do Senado Mineiro e Câmara dos Deputados de Minas e outras”Estavam presentes também, representantes das cidades da Campanha e de Lambari.
A morte nos coloca diante da mais simples verdade, a única certeza absoluta que nem mesmo o cético mais obstinado pode duvidar. A dor não cabe em palavras. Só nos resta senti-la.
A morte também é elucidativa. Ela ensina, mostra o quanto somos frágeis e explicita a efemeridade da vida. Não podemos confiar no amanhã, pois nada nos garante que estaremos vivos. No entanto, precisamos nos iludir, pois é insuportável imaginar a ausência do ser no dia que segue. Assim, nos entregamos à rotina e esta nos oferece uma espécie de segurança ontológica. Precisamos acreditar que outro dia virá, que estaremos entre os nossos e eles estarão conosco. Não é tão difícil aceitar a própria finitude, é muito mais doloroso perder o “outro” que nos completa. Até aceitamos a invitabilidade da morte, mas é dilacerante a experiência da partida dos que amamos.

Tarcísio Brandão de Vilhena

Arquivo Público Mineiro
Efemérides Mineiras
Cúria Arquidiocesana de Mariana
Cúria Diocesana de Campanha

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