Obra de arquitetura essencialmente bizantina, mas com traços românicos,
góticos e renascentistas, a Basílica de São Marcos é inesquecível.
Muito se tem escrito sobre essa extraordinária construção e aqui vamos fazer
uma pequeníssima descrição. Não é uma aula, é mais um momento para alegrar nosso
espírito e despertar a curiosidade dos mais jovens em procurar ler sobre Veneza
e suas joias.
Hoje é dia de falar do interior da Basílica, do seu esplendor. Não
há um milímetro sem um mosaico, uma pintura, uma decoração de tirar o
fôlego. Logo no vestíbulo, ficamos extasiados. Palavra, há qualquer coisa
de estonteante ao sair da praça e entrar nesse espaço - um soco definiria bem,
se não fosse um local de culto religioso... Vejam a primeira imagem abaixo: os
mosaicos que falam da Criação.
São Marcos consegue um milagre, em minha opinião: é opulenta, mas é elegante.
Não sei se digo uma heresia: as catedrais góticas me emocionam e dão de imediato
vontade de rezar. São Marcos não desperta essa sensação, fico é inteiramente
deslumbrada com o que vejo. Já estive lá algumas vezes, mas não posso dizer que
a conheço. Para isso, creio que teria que morar em Veneza uns 6 meses...
As cúpulas têm seus tetos internos inteiramente recobertos por
mosaicos e em cada uma um episódio bíblico (aliás, o Antigo e o Novo Testamento
estão inteirinhos na basílica). Na cúpula central, sobre o coro, os mosaicos
representam Cristo e a Madona, cercados pelos profetas. É complicado, eu diria,
ver tudo que há para ver do chão ao teto...
As naves dos mercadores não paravam de trazer riquezas para Veneza. Colunas,
frisos, esculturas, espólios que recolhiam em antigos edifícios demolidos. O
saque de Constantinopla (1204) enriqueceu o tesouro da Basílica e lhe forneceu
elementos decorativos preciosos.
Aos poucos ela foi tomando o aspecto que tem desde o século XV, o que não
impediu que sempre houvesse uma ou outra intervenção para embelezar ainda mais a
igreja. Recebeu como acréscimo o Batistério, a Capela de Santo Isidoro e a
Capela Zen. Apenas em 1617, com os dois altares inteiramente prontos, a Basílica
pode se declarar pronta.
O iconostasis, ou anteparo que separa o santuário da nave, é fantástico. As
quatorze estátuas representam a Madona, Maria Madalena e os doze apóstolos. O
conjunto é belíssimo, mas não sei se nos prepara para o que vem a seguir: o
altar-mor sob o qual está sepultado São Marcos.
E atrás do altar a “Pala d’oro”, o retábulo, a quase inacreditável joia
encomendada aos artesãos de Constantinopla por um doge em 976, trabalho de
ourivesaria excepcional, em ouro, prata, esmalte e pedras preciosas, que foi
sendo ampliado em tamanho e riquezas até 1345. Pena que a foto mostrada aqui,
nenhuma foto, lhe faça justiça. Seu tema central é a vida de São Marcos.
(detalhe: no medalhão central, São Marcos)
A fachada já é nossa conhecida. É linda e harmoniosa. As portas em bronze são
de diferentes épocas. A central é do século XII; a que fica voltada para o sul é
bizantina e data do século XI. Em outro dia falaremos das muitas belas peças que
ornam sua fachada, como a Quadriga.
Eu não soube como descrever tamanha beleza. O que fica claro, isso até para
uma leiga, é que Veneza se queria herdeira do magnífico Império de Constantino.
Espero que as imagens escolhidas façam o que eu não consegui fazer: descrevam a
beleza indizível da Basilica Cattedrale Patriarcale di San Marco.
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