Tarcísio Brandão de vilhena
Talvez muitos ainda não saibam, mas ministros do Supremo Tribunal
Federal - como regra geral- levam vidas discretíssimas, e deles, a
esmagadora maioria da população ignora até os nomes. Entretanto, com o julgamento do mensalão, estão sendo reconhecidos e
aplaudidos em restaurantes, shopping centers e parques públicos em Brasília.
A começar, pelo que se poderia prever, pelo severo relator do caso, ministro
Joaquim Barbosa.
O vento purificador que, até agora, vem soprando desde o Supremo Tribunal
Federal no trato implacável que a maioria de seus ministros tem conferido ao
processo do mensalão faz sentir seus efeitos.
Repito, para alguns leitores apressados: A MAIORIA de seus ministros. Não
todos.
Não sei como terminará o julgamento. Ainda falta muita coisa — muitas
acusações a serem comprovadas, muitos réus a serem escrutinados, muitas horas de
trabalho dos ministros.
Mas, sem querer parecer otimista, ouso dizer que uma condenação rigorosa de
altos figurões da República, como se esboça, possa ser um divisor de águas num
país que há décadas vem melhorando em quase todos os setores, em quase todos os
indicadores sociais e econômicos — mas que ainda chafurda na miséria moral da
impunidade dos poderosos, no escárnio dos que roubam o dinheiro público, na
empáfia de quem frauda e assalta o alheio sorrindo, de gente capaz de falsificar
remédio para câncer a fim de ganhar dinheiro sabendo que não vai para a cadeia,
ou de matar pelas costas uma ex-namorada, ser réu confesso e ainda assim, com
advogadões, conseguir permanecer dez anos em liberdade após ser condenado antes
de, finalmente, ser encerrado numa cela.
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