A CIDADE DA CAMPANHA
COMO, QUANDO E ONDE SURGIU A CIDADE DA CAMPANHA
Muito antes de 1700 começaram as entradas dos paulistas, que
vinham caçar índios com o fim de escravizá-los. Logo após, os bandeirantes,
atraídos pela fama que corria das ricas minas de ouro descobertas em Minas
Gerais. É então que se esboçam os primeiros rudes povoados que indicando a
localização da antiga riqueza aurífera e de diamantes de Minas Gerais,
constituíram o início da vida civilizada dos sertões de Minas, onde
encontravam-se princípios de uma sociedade. Fato que motivou o Governador da
Provincia de Minas Gerais, Dom Martinho de Mendonça de Pina e Proença, enviar
uma expedição chefiada pelo o Ouvidor da Comaraca do Rio da Mortes, Cipriano
José da Rocha a essa região da Provincia.
O Ouvidor partira de São João Del
Rei no dia 23 de setembro de 1.737, chegando ao Povoado no dia 2 de outubro no
mesmo ano de 1.737. Cipriano José da Rocha, ao chegar ao povoado, ficou
entusiasmado com a fertilidade do seu solo e com as riquezas das minas de ouro
encontradas, e deu ao povoado o nome de São Cipriano. O nome da atual cidade –
Campanha - se deve à topografia, pois a cidade se encontra localizada numa
colina circundada por extensas campinas. Campanha é a cidade mais antiga do Sul
das Minas Gerais – cidade histórica reconhecida oficialmente em 02/10/1737 –
povoação iniciada no ciclo do ouro. Elevada à freguesia em 06/02/1752, à vila em
20/10/1798 e à cidade em 09/03/1840.Campanha desde o século XVIII esteve
presente em fatos históricos do Brasil e de Minas. Dentre eles, teve
participação no episódio da Conjuração Mineira. Dr. Inácio de Alvarenga Peixoto,
um dos conspiradores, viveu em Campanha, onde possuía inúmeras fazendas e era um
dos homens mais ricos de Minas, no seu tempo. O esgotamento das minas, alegado
por aqueles que se esquivavam ao pagamento de seu débito para com o físco, já na
segunda metade do século XVIII, acentuava-se cada vez mais, prenunciando o fim
de uma era de grandeza.
A comarca do Rio da Mortes estendia-se até a margem
direita do Rio Verde onde já floresciam as vilas de Baependi e Pouso Alto. Com a
expansão das terras Campanhenses, os limites da comarca do Rio das Mortes
passaram além da margem esquerda do Rio Verde, foram além do Vale do Rio
Sapucaí,, subiram a Serra da Mantiqueira, indo até as cabeceiras do Rio Pardo e
Jaguari, ou seja, as terras da Campanha iam ate o atual Estado de São Paulo.
Quinze anos depois de fundado o arraial já se tornava freguesia, em 1752, e,
vários arraiais e povoações haviam surgido ao longo do seu imenso território. A
vila da Campanha fundada em 1798, influiria na vida religiosa, social, política
e cultural de todos esses povoados, entre os quais podemos citar Ouro Fino,
Santa Rita do Sapucaí, Pouso Alegre, Itajubá, Silvianopolis, Varginha, Três
Corações, Conceição do Rio Verde, Cambuquira, São Gonçalo do Sapucaí,Lambari e
Jesuânia. O rio Lambari serpenteia descendo a serra do Pouso Frio, próximo a
Cristina, segue por entre as serras do Bom Jardim e da Bocaiúva a leste de
Jesuania e Lambari.Circula entre as Serras do Tapajós e do Cigano, ao sul de
Cambuquira, e desviando-se para o nordeste, cai nas águas do rio verde. Apenas
dois afluentes o atingem neste trajeto: O rio Mumbuca,a alguns quilômetros do
Matadouro e o Ribeirão do Melo, na serra da Bocaina. Conforme foi visto, Lambari
teve na origem do seu desenvolvimento, assim como as demais localidades da
região, as terras da Campanha foi denominada: Inicialmente, Arraial de São
Cipriano. Em seguida, Freguesia de Santo Antonio do Vale da Piedade da Campanha
do Rio Verde. Depois, simplesmente, Campanha do Rio Verde. Depois, de Campanha
da Princesa. No Brasil-Imperio, a 9 de Março de 1840, passa a ter o titulo de
Cidade da Campanha ( lei mineira n. 163, parágrafo 2 do Art. 1 da citada data
)
Os primeiros moradores
Na Segunda Carta do Ouvidor Cipriano José da Rocha a D.
Martinho Mendonça de Pina e Proença, Governador da Provincia, dizia o seguinte:
"vê-se que vai entrando muita gente: tem mantimentos em abundância e bom cômodo,
e continuamente estão entrando carregações”.Depois de algumas pesquisas nos
documentos da época, podem ser considerados como povoadores do lugar:
1 – Antônio de Sousa Portugal, natural de Santo André de
Guiães, Feira no Bispado do Pôrto, casado com Antônia da Graça de Jesus natural
de Baependi e filha de Domingos Nunes de Siqueira (de Taubaté) e de Clara Moreira (de Jacareí).
2 – Luís Colaço Moreira, natural de Guarapiranga e filho do
Sargento-mor Inácio Moreira de Alvarenga e de Ana Barreto de Lima. Pedro Taques
menciona-o como “um dos primeiros povoadores da Campanha do Rio Verde”. Casou-se
nesta localidade com Leonor Domingues de Carvalho, filha de Antônio Cardoso
Bicudo e de Maria de Camargo de Almeida. Sua mãe (Ana Barreto Lima) aqui faleceu
a 6 de maio de 1751;
3 – Capitão Manuel Garcia de Oliveira. Era Capitão-mor “o
primeiro que conta o Arraial”. Achava-se provido desde 27 de janeiro de 1737
para Aiuruoca, Rio Grande e Paraibuna. Com ele entendeu-se o Ouvidor e pediu-lhe
que também superintendesse o novo Arraial.
4 – Francisco de Araújo Dantas. Era natural de S. João de
Itaboraí, Rio de Janeiro, e casado com Catarina Pedrosa de Almeida, natural de
Pitangui. Foram pais do Descobridor das Águas Virtuosas, Antônio de Araújo
Dantas, aqui batizado a 21 de janeiro de 1741.
5 – Henrique de Costa, natural de Caparica, Lisboa, casado com
Jerônima Maria de Jesus, natural de Baependi e ali moradores, anteriormente.
6 – Domingos Gonçalves Viana, natural de Arcozelo, Braga, e filho
de Manuel Gonçalves e de Serafina Alves. Era casado com Branca Teresa de Toledo,
filha de Salvador Corrêa Bocarro e de Ana Ferreira de Toledo. Muitos
campanhenses atuais descendem desse tronco.
7 – Alferes André da Silva Tourinho, natural de Conceição do Rio
Grande e Carrancas. Foi casado com Maria da Silva Leme, natural da mesma
localidade.
8 – Domingos de Araújo, natural de São Tomé de Lhanas, Lamego,
filho de André de Araújo e de Ana Francisca. Era casado com Maria Caetana de Sá,
natural de Ferros, Lisboa, filha de Atanásio de Sá e de Josefa Maria.
9 – Domingos Xavier Machado, casado com X. (Seu filho homônimo
faleceu com 20 anos em Campanha, de onde era natural, a 2 de julho de 1757). Era
casado com Paula Moreira. Foi um dos ribeirinhos do Rio Verde.
10 – Manuel Vás Guimarães, natural de São Pedro de Avação(!), Guimarães, e
filho de Antônio Vás e de Ana Francisca. Era casado com Antônia Cardoso, natural
de Guaratinguetá e filha de João Rabelo Crasto (sic) e de Maria Bicuda. Moravam
antes em Aiuruoca.
11 – André Vieira da Fonseca. Em 1741 foi padrinho de batismo
de Lizarda, filha de Miguel Antônio da Cunha e de Domingas Barbosa.
12 – Baltasar Gomes Lima, natural de Santa Marinha de Arcozelo,
Braga, filho de Lourenço Gomes e de Ventura Lima. Era casado com Maria Cardoso,
natural de Aiuruoca e filha de Manuel Vás Guimarães e de Antônia Cardoso.
13 – João Gonçalves Figueira, filho de Manuel Afonso Gaia e de
Maria Fernandes Figueira. Foi casado 2 vezes, a 1A com Maria de Lara (51), filha
de Lourenço Castanho Taques e de Maria de Araújo; a 2º com Josefa de Almeida,
filha do Cap. Tomé Alvares e de Ana Maria de Almeida. Assevera Taunay que João
Gonçalves Figueira “depois de ser juiz ordinário e dos órfãos em Santos e
regente das minas de Paranapanema, afundou no sertão para junto dos irmãos”. É
um dos signatários da Irmandade do Santíssimo Sacramento, desta localidade.
14 – Francisco Martins Lustosa,Coronel de Milicias Natural de
Santiago de Lustosa, no Bispado de Braga (donde o cognome), e nascido em 1700,
filho de Antônio Martins e de Ângela Gomes. Foi tabelião em Mogi das Cruzes, em
1732, ali se casando com Maria Soares de Jesus, filha de Domingos de Carvalho e
de Teresa de Jesus. Em 1736, era residente em Alagoa de Aiuruoca, onde leva a
batismo Teresa, no dia 15 de julho. Em 1737, 21 de abril, é recebido na
Irmandade do Santíssimo, em Aiuruoca. Logo depois, convidado pelo Capitão Manuel
Garcia de Oliveira, vem residir na Campanha, onde foi “comerciante e cortador de
gado”. É um dos signatários do auto de posse do Arraial, em 1743. Em 1745, é
recebido na Irmandade do Santíssimo Sacramento, na Campanha
.
15 - Mathias
Gonçalves Moinhos de Vilhena, Coronel de Milícias -, Natural de São João Del
Rei, filho do Capitão Mathias Gançalves Moinhos de Vilhena, natural do Senhorio
de Monte Alegre,Portugal, casado com Joséfa de Morais Sarmento. O Coronel Mathias era donatário
da sesmaria de Lavras do Funil. É um dos signatários da ata de elevação do
arraial em Vila, em 1798. Casado com Iria Claudina Umbelina da Silveira, irmã de
Barba Heliodora
Primeira Igreja
A primeira e antiga Matriz de Santo Antônio, a primeira igreja
construída na Campanha, então Freguesia de Santo Antônio do Vale da Piedade da
Campanha do Rio Verde, pela vontade e pela fé dos pioneiros e bandeirantes que
habitaram estas ricas e aprazíveis terras, no limiar do séc. XVIII.Entre 1737 a
1742, a igreja foi construída, nela se despendendo nove mil oitavas de ouro,
pela Irmandade do Santíssimo Sacramento. Não era esse templo de pequenas
dimensões, pois havia no seu interior 93 sepulturas e estava situado pouco
abaixo da atual Catedral, na parte em que a Praça Dom Ferrão se larga, nas
imediações dos jardins e das estátuas do Mininistro Alfredo Valladão e do
cientista e sábio Vital Brazil Mineiro da Campanha. Durou relativamente pouco
essa nossa primeira Igreja Matriz, pois em 1800, já tinha aspecto de ruínas. Em
seu adro existia uma cruz, ao pé da qual foi enterrado, sem nenhuma pompa e no
hábito do seu Padre São Francisco, de que era terceiro, por sua última vontade
manifestada em testamento que fez antes de falecer em 20 de dezembro de 1748, o
grande bandeirante Capitão-mor João de Toledo Piza Castelhanos.
A segunda
igreja construída na Campanha foi a da Nossa Senhora do Rosário, por Provisão
Régia de 1759. Segundo descrição de Francisco de Paula Ferreira de Rezende, em
sua obra “Minhas Recordações”, a Igreja do Rosário esta colocada acima da
Matriz, no ponto mais alto da colina em que a povoação se assenta, justamente no
lugar em que, naquele tempo, acabavam as casas e começava o campo. Sem nenhuma
arquitetura e sem torres, o seu sino ficava do lado de fora. A mais alegre de
todas as festas da Campanha era a festa dos negros, isto é, a de Nossa Senhora
do Rosário e como vulgarmente se dizia a “subida do Rosário”. Essas festas, as
congadas, com os seus vistosos “ternos” e animadas “embaixadas”, há anos
passados, tivemos oportunidade de assistir e admirar. Houve tempo que, com o
desaparecimento da antiga Matriz e achando-se a nova, atual Catedral em
construção, a Igreja do Rosário foi a única e a mais importante da Campanha,
sendo aí celebrados os ofícios religiosos. Assim foi por ocasião da morte de D.
Maria I, a 20 de março de 1816, em que as suas exéquias solenes, com Missa e
sermão, foram realizadas nesse templo. Essa igreja foi inexplicável e
simplesmente demolida, edificando-se, muito mais tarde, outra, no fim da
Chapada.
A igreja de Nossa Senhora das Dores é a terceira em antigüidade e
foi concluída em 1799 pelo rico minerador, José de Jesus Teixeira. Felizmente aí
está, na plenitude de sua beleza e de seu estilo colonial de linhas puras.
A
Igreja de São Sebastião, edificada em 1805, foi a última a ser demolida, dado o
seu estado precário, mas foi substituída por outra mais bonita e mais ampla e
com uma praça em frente.
A primitiva Capela Santa Cruz, construída por volta
do ano de 1848, fora do perímetro urbano, na localidade denominada de Árvores
Bonitas, foi consumida por um incêndio tido como criminoso. Substituiu-a a
Segunda Capela, em 1895, em uma elevação no fim do Bairro das Almas e, mais
tarde, por se achar em ruínas, foi demolida, até que, em seu lugar, foi
edificada a terceira e atual Capela de Santa Cruz, em 1938, no mesmo belo e
aprazível local.
A catedral de Santo Antônio – Sua pedra fundamental foi
lançada no dia 21 de janeiro de 1787, em solenidade presidida pelo pároco local
Pe. Bernardo da Silva Lobo, com assistência de grande número de fiéis e membros
das irmandades. Foi construída pelos escravos e levou 35 anos para ser
concluída. Foi feita em taipa, de terra da melhor qualidade, conduzida de grande
distância, por toda gente sem distinção de sexo, idade, fortuna e posição
social, sendo notável a solidez da obra, cuja espessura de 1,80m a todos causa
admiração. Em 1925, foi modificada a sua fachada, descaracterizando-a
completamente e dando assim novo aspecto à fachada e torres. Em 1937 e 38 D.
Inocêncio Engelke, 2º bispo diocesano, às suas expensas, manda cercar a Catedral
com uma grade de ferro. Várias reformas foram feitas ao decorrer dos anos. Em
taipa, é o maior templo católico de Minas e um dos três maiores do Brasil.
Evolução Eclesiástica
Irmandades
A Irmandade de SS. Sacramento autorizada por D. Frei João da
Cruz, Bispo do Rio de Janeiro, a 22.08.1742. O termo de abertura entretanto, é
de 20.09.1745, quando assinaram os primeiros irmãos, tendo rendido a reunião, só
naquele dia 777 oitavas de ouro.A Irmandade das Almas segundo diversos registros
de óbitos e a Confraria de Nossa Senhora do Terço.Com o aparecimento da
Irmandade de SS. Sacramento ambas se lhe agregaram e desapareceram oficialmente
apenas figurando a do Santíssimo, com toda a vitalidade e esplendor.
Padroeiro.
Santo Antônio de Lisboa (português) Nasceu em 1195 e viveu até
1231. Naturalíssimo portanto a aposição de seu nome à povoação nascente e ao
córrego que a rodeia e banha.1º batizado foi em 1739 (não consta nos livros da
paróquia, porque lhe faltam as primeiras páginas, consta entretanto, de um
relatório, do Vigário, que se encontra na Cúria Diocesana.O termo de abertura do
1º livro data de 1747. Nota-se ainda que o 1º Vigário se chamava Antônio (padre
Antônio Mendes), anteriormente Vigário de Carrancas.
Origens
A Diocese da Campanha, foi criada pelo Decreto Pontifício
Spirituali fidelium, do Papa São Pio X, a 8 de setembro de 1907. A execução
desse Decreto foi confiada à Nunciatura, sendo então nomeado Administrador da
novel Diocese D. João Batista Corrêa Nery, Bispo de Pouso Alegre. No ano de
1889, o Internúncio apostólico D. Francisco Spoverini, então em uso de águas
medicinais em Lambari, visita Campanha. Sua estadia nesta cidade foi causa de
ser levantada a idéia da criação de um Bispado Sul-Mineiro. Mas, veio a
separação da Igreja do Estado e impediu a concretização das aspirações
populares. No ano de 1891, novamente Bernardo Saturnino da Veiga, proprietário
do Jornal O Monitor Sul-Mineiro, expede circular aos Padres do Sul de Minas e
lhes lembra a inadiável necessidade de se pedir a criação de um Bispado com sede
em Campanha, o que iria premiar toda região sulina. Na oportuna circular aparece
um decidido apoio unânime e contribuições espontâneas para a criação de nova
Diocese. As subscricões que se fizeram para tanto chegaram a atingir 9:000$000,
quantia avultada para a época. De novo se interpôs outro contratempo. No ano de
1897, agita-se com mais veemência a acalorada idéia, mas agora bipartida,
porque duas cidades ambicionavam o título: Campanha e Pouso Alegre. O
movimento campanhense foi liderado pelo Vigário Cônego José Teófilo Moinhos de
Vilhena (era o dia 17 de abril) e o de Pouso Alegre pelo nortista Padre José
Paulino de Andrade. Houve representações de ambas as cidades ao Internúncio e ao
Bispo de São Paulo, D. Joaquim Arcoverde. Os pouso-alegrenses foram mais
felizes: tiveram, também, o apoio de Silviano Brandão, Governador do Estado e
mais tarde vice-presidente da República. Foi criada a Diocese de Pouso Alegre
pelo Decreto Regio Iatissime Potens, a 4 de agosto de 1900, porém com a
possibilidade de ser desmembrada, quando necessário. Para dirigi-la foi
transferido do Estado do Espírito Santo, D. João Batista Corrêa Nery. Uma de
suas preocupações foi escolher um bom vigário geral, para o desempenho de uma
tarefa de tanta responsabilidade. E a escolha recaiu na pessoa do Padre João de
Almeida Ferrão, nomeado para tanto a 28 de outubro de 1901. Foi a primeira
vitória campanhense, porque não se opôs o prelado Pouso-alegrense ao
movimento de outra Diocese sulina. Pelo contrário, deu inteira permissão a seu
primeiro Vigário Geral e o deixou agir com segurança e tato, nessa melindrosa
questão.
No ano de 1903, uma representação composta dos campanhenses Dr. Américo
Lobo (Ministro do Supremo Tribunal Federal), Dr. Olímpio Valadão (Deputado à
Assembléia Geral). Agora recomendada por D. Joaquim Arcoverde, então transferido
de São Paulo para o Rio de Janeiro, segue para a autoridade eclesiástica
constituída. Nesse mesmo ano, querendo inteirar-se de toda situação, o Sr.
Núncio Apostólico D. Júlio Tonti visita Campanha. Era o dia 22 de abril. A
população o recebeu festivamente, quando foram ouvidos inúmeros discursos e
aplausos e todos se mostravam esperançosos. Naquele dia estiveram em Campanha 40
sacerdotes com representações de 102 paróquias sul-mineiras. Nessa oportunidade,
todos pediram ao representante do Santo Padre a transferência do Bispado para
Campanha. Melhor seria – analisamos hoje – que fosse solicitada a criação de uma
Nova Diocese. Houve promessas, houve esperanças.
No ano seguinte, 1904, a
Comissão recorre ao eminente Joaquim Nabuco, Diplomata brasileiro, então em
Roma. E Sua Excia. responde, no dia 09 de junho, que iria interceder perante o
Dr. Breno Chaves, ministro junto ao Vaticano, para alcançar o que todos
almejavam. Dele chegam os "augúrios, expressos com muita confiança: “muito
desejarei ver a Campanha reviver, tão admirável é a sua oposição”.Incansáveis se
mostram Monsenhor João de Almeida Ferrão, Padres José Maria Natuzzi e Miguel
Martins e os Srs. Deputados Joaquim Leonel de Resende, Gabriel Valladão e Dr.
João Bráulio Moinhos de Vilhena Júnior. Continuam as “demarches” nos anos seguintes,
agora com mais expectativa, de vez que estava já constituído o Patrimônio e
escolhida a casa que iria servir de Palácio Diocesano, O magestoso sobrado de propriedade de Monsenhor João de Almeida Ferrão, herdado de seu pai, o rico minerador, Capitão Francisco Ferrão de Almeida Trant. Enfim, foi criado o
Bispado da Campanha.
Urbanismo
Ruas
Seguem o urbanismo medieval português e mourisco, isto é, o
curso das ruas explora o relevo, sendo irregulares de largura variável, com
cordoamento não planejado, sobem ladeiras íngremes. As ruas ligavam pontos de
interesse: largos, igrejas e comércio.Em fins do século XVIII novos
planejamentos surgem, inclusive do plano em xadrez que às vezes deixa ruas
impraticáveis tal a inclinação. Era importante não ter verde para contrastar com
o rural. Eram de terra batida, pedra e hoje paralelepípedo. No século XIX, dá-se
início à arborização dos espaços públicos e afastamentos das casas dos limites
dos lotes ganhando jardins frontais. No século XX a tendência é um planejamento
de uma estrutura com jardins.
Em Campanha aparecem as ruas com nomes
característicos dos séculos passados, como:
-Rua Direita: Chamava-se Rua
Direita por levar direto de um lugar a outro. Teve o nome de Saldanha Marinho e
hoje Rua Saturnino de Oliveira.
-Rua do Fogo: Chamava-se assim por ser o
lugar onde os escravos buscavam os braseiros para acender os seus fogões a
lenha. No final da rua existia uma grande fogueira e todos que por ela passavam
eram obrigados a atirar lenha para alimentar a fogueira e mantê-la sempre acesa.
Recebeu depois o nome de Rua Princesa Izabel e atualmente Rua Dr.
Brandão.
-Rua do Comércio: Destinada ao comércio, pois ali existia um antigo
mercado da cidade. Passou a chamar Rua Conde D’Eu, mais tarde Rua Tiradentes,
Rua Cândido Ferreira, atualmente Rua Vital Brazil.
-Rua das Almas: Atual Rua
Santa Cruz. Inicia-se após a ponte de pedras chamada “Ponte das Almas”, com arco
romano sobre o Rio Santo Antônio no Largo da Estação. A rua levava direto à
capela que se encontrava no local chamado Árvores Bonitas. Costumava-se sempre
lá celebrar missas dedicadas às almas do purgatório.
-Rua da Prata:
Totalmente em pedra bruta escolhida. O centro era mais baixo que as laterais, o
que facilitava o escoamento das águas pluviais. Atualmente Rua Perdigão
Malheiro, jurista campanhense.
-Rua do Hospício: Atual Rua Bernardo da
Veiga. Era a rua das rancharias e hospedarias, hospitais, hospícios. Do latim,
hospitium, significa hospitaleiro. São na realidade modificações dos antigos
mosteiros medievais. Foram sempre as irmandades e ordens terceiras que cumpriram
o papel de velar pela saúde pública. Eram casas religiosas que recebiam
peregrinos em viagem, sem retribuição. Hoje corresponderiam aos hospitais e
albergues. Recolhiam órfãos, velhos, loucos, doentes. Quase todos os seus
prédios datavam da 2a metade do século XVIII.
-Rua da Forca: Assim chamada
pois no final da rua existia uma forca. Nela foram feitos enforcamentos sendo o
último narrado em livro de Francisco Paula Ferreira de Rezende “Minhas
Recordações”. O réu só conseguiu ser enforcado na terceira tentativa, pois a
corda sempre arrebentava. Por fim, o carrasco subiu em seu ombro conseguindo,
assim, o seu estrangulamento. Era feito um grande cortejo que passava por todas
as ruas da cidade, indo à frente o réu, o padre, o carrasco e um surdo que batia
chamando a atenção dos moradores. Atrás acompanhavam todos os moradores adultos.
As mulheres não tinham participação nessa cerimônia. Hoje a Rua tem o nome de
Alexandre Stockler.
-Rua do Bonde: Sua origem era a linha do bondinho que
vinha de São Gonçalo do Sapucaí até o Largo da Estação. Hoje o seu nome é Rua
Evaristo da Veiga.
-Rua do Chafariz: Chamava-se assim por causa do Chafariz
construído em 1853, que tinha a finalidade de abastecer a população local e
principalmente os tropeiros que comercializavam em troca de ouro. Teve várias
denominações: Rua da Máquina de Algodão, Beco do Chafariz e hoje Rua Dr.
Cesarino.
-Travessa da Aurora com Ladeira da Fonte: Lugar onde a população
buscava água para suas casas. Hoje a rua está fechada até a fonte do Mathias,
pedaço compreendido entre a Rua do Xororó e a Fonte que ganhou o nome atual de
Álvaro Horta com João Batista de Melo.
-Rua da Misericórdia: Assim chamada
pois no final dela se encontrava a Santa Casa de Misericórdia, uma das primeiras
Santas Casas de Minas Gerais e a primeira do Sul de Minas. Passou depois a
chamar Rua Marechal Deodoro, Marechal Hermes, Benedito Valladares e hoje Av.
Ministro Alfredo Valladão e Des. João Braúlio Moinhos de Vilhena.
Largos
Eram alargamentos de ruas para realçar os edifícios e desafogar
a estrutura urbana. Só existia verde nos fundos de quintais das residências e
nos largos para fins utilitários, plantio de ervas, plantas medicinais,
floreiras. No século XIX aparecem como praças que valorizam outros elementos
como teatro, escolas, os poderes executivo e judiciário. No século XX as praças
passam a aglutinar feiras, mercados e atividades de lazer. Campanha contava com
dez largos:
-Largo da Matriz: É o maior espaço da cidade. Aparece em frente à
Matriz de Santo Antônio. No Largo da Matriz existia o Pelourinho. Ele ficava em
frente a Casa da Intendência. Mais tarde, na passagem dos padres missionários,
foi desmanchado e ergueu-se um cruzeiro. Existia ali também um chafariz que
abastecia a população. Foi chamado depois de Praça da Igreja, Praça Floriano
Peixoto e atualmente Praça D. Ferrão.
-Largo das Dores: Aparece em frente à
Capela Nossa Senhora das Dores, construída no século XVIII pelo português José
de Jesus Teixeira, que pagava seus escravos em ouro em pó. Ajardinado no século
XX, recebeu o nome de Praça Dr. Jefferson.
-Largo da Cadeia: Aparece em
frente à cadeia e Casa de Câmara. Ocupava lugar de honra na cidade. Foi sede da
administração e justiça. Satisfazia às necessidades de serviços administrativos
e judiciais, penitenciários e religiosos. A cadeia era o esteio do regime,
aplicava penas pecuniárias e corporais. O seu sistema de composição era:
Cadeia-Térreo e Câmara – 2o pavimento. Como servia também de manicômio tinha
celas para loucos. Existia nela um sino do povo: ao tocá-lo o povo deveria
correr para a Assembléia e decidir o que seria melhor para todos. Mais tarde
passou a chamar Praça da Cadeia e Senador Valladão. Hoje loteado, deu lugar a
várias residências e pontos comerciais e originou as ruas Getúlio Vargas e
Senador Valladão.
-Largo São Sebastião: Antes chamado Beco São Sebastião,
fica na frente da Capela de São Sebastião, construída em 1805. Atrás da Capela
havia um enorme rego de enxurrada que vinha das ruas de cima. Colocava-se tábuas
fazendo pinguelas dada a largura do rego. A primeira Capela edificada em 1805
foi demolida e construída outra no lugar em 1945. Mais tarde passou a chamar
Senador José Bento e atualmente Praça São Sebastião.
-Largo da Estação:
Localizava-se em frente à Estação de Trem. Estendia-se até a ponte das almas.
Existia lá um grande campo de futebol fechado com bambus, com arquibancadas de
tábuas. Com o desaparecimento do campo o Largo da Estação transformou-se em um
jardim com um lago e sua pequena ilha. No fundo, um bosque de bambu açu, muito
bem tratado, com bancos e iluminação. Havia na ponta do bosque de eucalipto um
prédio de escola, mandado fazer pela prefeitura. Atualmente o local denomina-se
Praça Zoroastro de Oliveira e em seu lugar existe a sede do Campanha Esporte
Clube.
-Largo da Misericórdia: Aparece em frente à Santa Casa de
Misericórdia, após a segunda metade do século XX. Mais tarde foi chamado de
Praça da Santa Casa, Praça Monsenhor Paulo Emilio Moinhos de Vilhena. Hoje
loteado tornou-se avenida Desmbargador João Braulio Moinhos de Vilhena, Benedito
Valadares e Avenida Ministro Alfredo Valladão.
-Largo das Mercês: Ficava em
frente à Capela das Mercês. Terreno íngreme, a capelinha sobressaía acompanhada
de um grande número de árvores. Passou mais tarde a se chamar Largo Major
Mathias Antonio Moinhos de Vilhena. Hoje o largo está loteado. No local existe o
Posto de Saúde, Garagem da Prefeitura, Posto Policial e casas residenciais. As
ruas que acompanham chamam-se Rua Dr. Cesarino, esquina com Cônego Antônio
Felipe
-Largo do Rozário: Também chamado Alto Rosário. Era famoso por suas
festas de congo. Cheio de ladeiras ingremes, tinha um cruzeiro de madeira em
frente à Capela.Compreendia toda a extenção da atual Praça da Biblia e
redondezas. foi também chamado Praça Julio Bueno.
-Largo do Cruzeiro: Sem
nenhum ajardinamento ficava em frente ao cemitério local. Seu grande cruzeiro
encontra-se hoje dentro da Vila Vicentina. Na esquina havia o começo de uma
rancharia. Hoje, todo loteado, faz esquina com Rua São Vicente, Rua da Forca e
Rua Martins de Andrade.
AGENTES EXECUTIVOS
Até 1930 a Chefia do Executivo Municipal ficava entregue ao Presidente da
Câmara Municipal, então denominado “Agente Executivo Municipal”.
Depois de
algumas pesquisas nos documentos da época, encontramos os Agentes Executivos da
Campanha, somente a partir de 1884, considerando que Campanha foi elevada à
cidade no ano de 1840.
Manoel Luiz de Souza – 1884 a 30/03/1884
Manoel Inácio Gomes Valladão–
31/03/1884 a 09/08/1892
Bernardo Saturnino da Veiga – 10/06/1892 a
30/03/1894
Ten. Cel. Manoel de Oliveira Andrade – 31/03/1984 a
08/04/1985
Tem. Cel. Ernesto Carneiro de Santiago – 09/04/1895 a
31/05/1897
José Braz Cesarino – 01/06/1897 a 07/01/1898
João Luiz Alves –
08/01/1898 a 01/11/1900
Dr. João Bráulio Moinhos de Vilhena – 02/11/1900 a
11/01/1901
João Inácio da Silva Araújo 12/01/1901 a 01/02/1901
João de
Almeida Lisboa Jr. – 01/02/1901 a 27/04/1901
Francisco de Paula Araújo Lobato
– 28/04/1901 a 01/06/1902
Dr. Francisco Honório Ferreira Brandão Filho –
02/06/1902 a 03/04/1905
Tem. Cel. Jerônimo G. Alvarenga Leite – 04/04/1905 a
15/10/1905
Manoel Eustáquio Martins de Andrade – 16/10/1905 a
31/12/1907
Cel. Zoroastro de Oliveira – 01/01/1908 a 07/10/1927
Dr.
Jefferson de Oliveira – 08/10/1927 a 31/12/1929
Dr. Serafim Maria Paiva de
Vilhena - 01/01/1929 a 31/12/1930
Tarcísio Brandão de
Vilhena
http://www-vilhena.blogspot.com.br