Obra-Prima do Dia - Engenharia
Portugal cumpriu a promessa: Real Forte do Príncipe da Beira (RO)
"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um
Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal,
por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é
serviço de Portugal. E tem que se cumprir."
E assim foi feito: na margem direita do rio Guaporé (hoje Guajará-Mirim),
fronteira com a Bolívia, em plena floresta amazônica, ergueram o Real Forte
Príncipe da Beira, um feito que não poderia ter sido desmerecido com o
abandono...
Após a assinatura do Tratado de Madri (1750), Portugal preocupou-se em
assegurar a posse do território que lhe cabia segundo o Tratado de Tordesilhas e
dessa forma garantir a fronteira do Brasil. Houve tratados posteriores e algumas
reformas da linha demarcada em Tordesilhas, mas o Príncipe da Beira colaborou
pela manutenção de nosso território.
Em sua pedra fundamental está gravado: “Sendo José I, Rei Fidelíssimo de
Portugal e do Brasil, Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, por escolha
da Majestade Real, Governador e Capitão-General desta vastíssima Província do
Mato Grosso, planejou para ser construída a sólida fundação desta Fortaleza sob
o Augustissimo nome do Príncipe da Beira com o consentimento daquele Rei
Fidelíssimo e colocou a primeira pedra no dia 20 do mês de junho do ano de
Cristo de 1776”.
No século XIX foi usado como presídio político. Abandonado à época da
Proclamação da República, já em ruínas foi visitado pelo marechal Rondon que,
muito surpreso com obra tão surpreendente naquele local, mandou que limpassem a
mata que o sufocava e se empenhou para que dele cuidassem. Desde 1930, é
novamente guarnecido pelo Exército Brasileiro.
Em 1950, tombado pelo IPHAN após quase 200 anos de abandono, foi iniciado um
amplo programa de restauração. As pesquisas arqueológicas mostram grande
quantidade de artefatos de funções militares e elementos da vida cotidiana na
fortaleza, peças cujas informações serão fundamentais nas etapas subseqüentes de
revitalização e transformação do forte em museu. Sua plena restauração foi
iniciada em 2009.
É quase inacreditável a existência desse gigantesco forte no local
onde está. Em nossos dias seria muito trabalhosa a sua construção. Imaginemos
então o que deve ter sido no século XVIII. Tirando o barro com que se podia
fazer os tijolos, e a água em abundância, tudo o mais foi levado para lá debaixo
dos maiores sacrifícios e esforços.
Aos portugueses devemos a criação do Forte. Ao nosso marechal
Rondon devemos o fato do governo federal, no século passado, voltar seus olhos
para essa relíquia. E ao Exército Brasileiro o cuidado com que cuida do que é
nosso.
Mas nada como a associação de imagens e palavras para que nós
tenhamos pelo menos uma ideia do que é o Forte que, espero, ainda será uma das
maiores atrações turísticas de nossa Amazonia. Assistam:
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