Tarcísio Brandão de Vilhena
Na História do Brasil, dá-se o nome de republicanas históricos às personagens que tinham aderido à causa
republicana, desde antes da proclamação da República. Entre estes, incluem-se
os signatários do Manifesto Republicano de 1870, os abolicionistas que também
faziam campanha pela república e os demais partidários e membros dos Clubes
Republicanos, nas diversas províncias do Império antes do golpe de 15 de
novembro de 1889, que proclamou a República.
Em Minas, não houve campanha expressiva, antes do manifesto de 1870, o
que pode ser justificado pelo estado de decadência urbana ocorrida na Província
desde a devassa da Inconfidência Mineira, cuja repressão visou também inibir as
ideias republicanas, obrigando os mineiros a se refugiarem no silêncio. A
rebelião liberal de 1842, embora liderada por um republicano convicto como
Teófilo Otoni, não oportunizou a tendência republicana. O presidente rebelado
da Província, Barão de Cocais, não permitiu a inserção de tal tendência no
referido movimento. Mesmo que a punição aos revoltosos de 1842 tenha sido suave
e condescendente, ela refletiu sobre Minas, de forma duradoura, os prejuízos
morais da derrota. O partido liberal não conseguia se impor junto ao
eleitorado, sempre vencido e encurralado pelos conservadores.
Ainda assim, antes do manifesto de 1870, alguns centros urbanos mineiros
se despontaram com relativo progresso, a exemplo de Juiz de Fora, Diamantina e
Campanha, e tiveram oportunidade de expressar ideias republicanas por oposição
ao regime monárquico brasileiro.
De fato, em 1870, republicanos Campanhenses, liderados pelo Cel.
Marthiniano dos Reis Brandão já defendiam os princípios e os ideais
republicanos e federativos, não só em Campanha, mas em toda a região Sul
Mineira. Naquele ano, ainda sob a liderança de Marthiniano, surge em Campanha o
Clube Republicano, tendo a sua frente ilustres Campanhenses cultos, idealistas
e independentes, dentre os quais se destacavam o médico Dr. Francisco Honório
Ferreira Brandão, filho do Cel. Martiniano, o jornalista Manoel de Oliveira
Andrade, o cidadão Domingos Honório Lopes de Araújo, o Cel. Saturnino de
Oliveira, o Dr. Bráulio Lion, o Cel. Marcos Coelho Neto, o Dr. João Bráulio
Moinhos de Vilhena Jr., o Prof. Jonas Olinto, o Dr. José Braz Cezarino, o
parlamentar Alexandre Stóckler Pinto de Menezes, o Dr. Joaquim Leonel de
Rezende Alvim, o Dr. Antonio Xavier Lisboa, Pe. Francisco de Paula de Araújo
Lobato, Francisco Bressane de Azevedo, o Dr. Eustáquio Garção Stockler e
outros.
As reuniões do Clube Republicano eram realizadas na residência do Cel.
Marthinano. Esta residência ele a adquiriu na condição de genro do Comendador
Paula Ferreira, o proprietário. Marthiniano era casado com uma de suas filhas,
Anna Alexandrina Ferreira Brandão, e adquiriu as partes dos demais herdeiros.
Esta magnifica edificação abrigou a Escola Normal, a Prefeitura e, por último,
a Faculdades Integradas Paiva de Vilhena. Lamentavelmente, foi consumida por
incêndio.
Em 1880, regressa à Campanha, graduado em Farmácia, o Sr. Zoroastro de
Oliveira, filho de Saturnino de Oliveira, que passa integrar o Clube
Republicano, sendo escolhido, por seus pares, para ocupar o cargo de secretário
do Clube. Neste mesmo ano, o clube se reúne para escolher o nome de um dos
integrantes para concorrer às eleições senatorias da Província, a serem
realizadas em 27 de maio. A escolha recai no Dr. Francisco Honório Ferreira
Brandão.
Transcorrida a eleição, foram eleitos: o médico Campanhense Dr.
Francisco Honório Ferreira Brandão, pela região Sul Mineira; Dr. João Nogueira
Penido, médico de Juiz de Fora; região da Mata Mineira, Dr. Joaquim Felício dos
Santos, advogado em Diamantina, pela região Norte.
Um ano antes da proclamação da República, no
dia 4 de junto de 1888, cria-se em Minas Gerais o Partido Republicano Mineiro -
o PRM, com objetivo de representar as ideias republicanas aos oligárquicos da
elite agrária do Estado de Minas Gerais. Neste mesmo ano, funda-se na Campanha,
sede administrativa da região Sul Mineira, o diretório regional do Partido Republicano
Mineiro, presidido pelo o médico Dr. Francisco Honório Ferreira Brandão.
A noticia da Proclamação da República pelo o Marechal Deodoro da Fonseca
foi dada aos republicanos campanheses pelo parlamentar Dr. Stockler Pindo de
Menezes, campanhense residente no Rio de Janeiro. No dia 17 de novembro de
1889, mais de cem eleitores republicanos reunidos na residência do Coronel
Marthiniano, todos filiados ao PRM, sob a presidência do Dr. Francisco Honório
Ferreira Brandão, decidiram lavrar uma Ata, na qual se declaravam solidários à
proclamação da república e ao governo provisório, instalado após a proclamação.
Excluindo Ouro Preto, capital da Província, Campanha foi a primeira cidade
mineira a manifestar seu júbilo e seu decidido apoio à República Brasileira.
Desgostoso com o baixo nível e com a vileza
dos adversários políticos contra a sua pessoa, Dr. Brandão deixa Campanha e
muda-se para o Rio. Nunca mais voltou à cidade. Assume a presidência do partido
o Cel. Saturnino de Oliveira. Após o seu falecimento, seu filho, Cel. Zoroastro
de Oliveira, passa presidir o partido. Em 1927, Zoroastro abandona a vida
pública e entrega a direção do partido para seu irmão, o médico Dr. Jefferson
de Oliveira. Em 1929, Jefferson é eleito deputado federal. O vereador Dr.
Serafim Maria Paiva de Vilhena passa ocupar a presidência da Câmara e, por
consequência, torna-se o Agente Executivo do município e presidente do partido.
Com a revolução de 1930, os partidos políticos são todos dissolvidos, dando
inicio à nova república, liderada pela Frente Liberal.
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